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Gestão de energia no Agronegócio

O agronegócio é um dos mais importantes setores da economia brasileira. Estima-se que a partição do agronegócio no PIB nacional é de cerca de 27,4%. Além disso, o agronegócio representa cerca de 5% do consumo total de energia no país, segundo dados da EPE, daí a importância de falarmos de Gestão Energética no Agronegócio.

Realizar a gestão de energia no agronegócio, utilizando soluções e ferramentas inteligentes pode fazer com que você, gerente agroindustrial ou rural, consiga reduzir o valor final da conta de energia de forma significativa. Monitorar o consumo de energia da unidade dentro de empresas desse ramo, pode trazer muitos benefícios, como por exemplo: diminuir o custo para manter o funcionamento de moinhos e armazéns através da demanda de energia correta. Para entender sobre essa e outras formas de economia em relação a energia elétrica dentro do agronegócio, continue lendo. 

descobrindo que posso economizar energia através de gestão
Potencial da gestão de energia em agronegócio

Características Essenciais do Agronegócio

Antes de falarmos mais a fundo sobre a energia elétrica no agronegócio em si, precisamos aprender a identificar os processos que exigem um maior consumo de energia e eles irão depender das atividades desenvolvidas, do tamanho dos processos e do nível de automação da empresa.  De forma geral, podemos observar dois setores que dividem a agropecuária, cada um com características próprias em relação à forma como a energia é consumida.

Setor primário: setor do agronegócio responsável pela produção dos produtos primários, ou seja, aqueles que são cultivados, produzidos e extraídos diretamente da natureza para depois serem beneficiados ou comercializados. Neste grupo podemos citar:

  • Cultivo do solo e plantio (agricultura), a criação de animais (pesca e pecuária), extração de madeira e frutos (extrativismo vegetal) e a exploração de recursos do solo (extração mineral).  

Lembrando que extrativismo mineral, para efeitos de tarifação de energia elétrica, não é considerado como rural. 

Neste primeiro grupo o consumo de energia concentra-se principalmente no bombeamento de água, tanto para as atividades de irrigação quanto para a aquicultura. Estamos falando de um grande volume de água bombeado por hectare de terra.

Podemos citar também outros exemplos, como por exemplo, a ordenhadeira mecânica na automação da extração de leite ou a climatização e automação em grandes granjas. 

Setor secundário: tem a característica de transformar e beneficiar os produtos primários. Aqui podemos encontrar as grandes agroindústrias e indústrias de insumos agrícolas. É comum encontrar indústrias do setor secundário em ambiente urbano.

Alguns exemplos de consumo de energia elétrica desse setor são:

  • Esteiras das algodoeiras, os climatizadores dos armazéns (de leite, grãos, etc.), as máquinas de moagem dos moinhos de grãos, etc. 

Outro problema bastante comum é a manutenção dos quadros e das máquinas instaladas. Em muitos casos as instalações foram realizadas há muito tempo, e por falta de manutenções periódicas encontram-se defeituosas e mal otimizadas. Isso naturalmente cria um ambiente favorável à ineficiência energética que pode ser materializada como perdas elétricas na fiação, redução de rendimento e até mesmo queda de fator de potência, que pode prejudicar o sistema elétrico e causar multas na fatura de energia.

Frequentemente nos deparamos com a seguinte pergunta:

  • Para ser considerada rural, minha unidade consumidora deve apenas se localizar na área rural, certo? Errado.

Empresas do agronegócio podem ser enquadradas como rural mesmo estando em área urbana. Para obter o enquadramento na classificação rural deve-se atender a vários requisitos básicos dados pelo Art. 184 da REN 1000/2021. 

Além disso, a distribuidora pode fiscalizar se a maior parte da carga instalada na unidade realmente está sendo destinada à atividade agropecuária, caso contrário pode causar a perda dos benefícios tarifários. 

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Dificuldades encontradas na hora de gerir energia no agronegócio

1.Lugares remotos e a dificuldade com faturamento

Se as distribuidoras já têm dificuldade no atendimento das empresas em locais urbanos, imagina o sufoco que passam as empresas que se localizam na zona rural ou afastadas das regiões metropolitanas. 

Essa característica em relação à localização pode gerar diversos obstáculos aos agronegócios em relação à energia elétrica, como por exemplo: a redução no tempo de resposta da distribuidora em casos de problemas com fornecimento (que geralmente são causados por acontecimentos bem comuns, como árvores caindo na rede de distribuição ou incêndios que afetam postes), além da dificuldade de acesso da concessionária aos seus medidores de energia.

Por legislação (Resolução 1000/2021 da ANEEL) a concessionária pode, nestes casos,  optar pela medição plurimensal ou autoleitura. Mas o que seriam estes termos? 

Medição Plurimensal: como o próprio nome diz, a distribuidora agrega medição de vários meses (até 12) e pode faturar:

  • tudo de uma única vez;
  • mensalmente, usando a média de consumo dos últimos 12 ciclos;
  • ou caso não houver histórico, pelo custo de disponibilidade. 

O problema é que a medição Plurimensal pode causar imprevisibilidade nas contas de energia, e os problemas que antes levavam o tempo médio de um mês para serem identificados agora podem demorar até 12 meses para serem  verificados. Uma das soluções para este obstáculo é a implementação de um sistema de gerenciamento de energia que possibilita o acompanhamento do consumo de energia em tempo real, de uma forma prática e remota, possibilitando economizar muito mais tempo e principalmente, melhorar a tomada de decisão através dos dados coletados.

Como forma de remediar isso o cliente pode optar pela autoleitura da conta de energia, que consiste na possibilidade do próprio consumidor ler as informações no medidor e informar para a sua distribuidora de energia.

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2. Manutenção dos equipamentos 

Outro problema bastante comum, principalmente no setor secundário do agronegócio, é a manutenção dos quadros e das máquinas instaladas. Geralmente, a troca ou manutenção dos equipamentos que já estão em funcionamento  apresentam-se como custos desnecessários mas que podem ser refletidos de forma significativa na fatura de energia. Uma barreira para gerir eficiência energética no agronegócio.

Em muitos casos as instalações foram realizadas há muito tempo, e por falta de manutenções periódicas encontram-se defeituosas e mal otimizadas, causando uma ineficiência energética, como perdas elétricas na fiação, redução de rendimento e até mesmo queda de fator de potência, que pode prejudicar o sistema elétrico e causar multas na fatura de energia. 

A melhor forma de monitorar e verificar esse problema é utilizando a  submedição, onde é possível acompanhar se, por exemplo: um quadro ou máquina está consumindo mais energia elétrica do que deveria, ou até mesmo se o fator de potência está abaixo do nível adequado.

3. Falta de conhecimento

Talvez a maior dificuldade encontrada na gestão de energia dentro do agronegócio seja a falta de conhecimento técnico sobre energia. Principalmente de como tirar proveito do que a legislação define como benefícios na contratação de energia elétrica, o que pode possibilitar uma economia expressiva na sua fatura de energia.

Você, gestor do agro ou gerente/administrador, que provavelmente conhece todos os processos do seu negócio mas não entende muito sobre as regulações e os detalhes para pagar menos na conta de energia da empresa, deve procurar alguma solução especializada para lhe ajudar, especialmente se estiver lidando com dezenas ou centenas de localidades. 

Para te ajudar, vamos deixar alguns materiais:

Além disso, é importante criar formas de monitorar e manter os benefícios adquiridos,  o que pode até ser feito através da utilização das boas e velhas planilhas. Porém, com grandes quantidades de dados e faturas o ideal é o uso de uma ferramenta de gestão energética. Se depois desse artigo, vier ainda muitas dúvidas, pode nos chamar para bater um papo!

Matheus Campinho

Engenheiro eletricista pela UFMT. Atualmente cursa a especialização em comercialização de energia elétrica na UNINASSAU.

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