Apesar de muito presente no nosso cotidiano, pouco se fala sobre a diferença entre o conceito de “disponibilidade” e “acesso”. Menos ainda se fala sobre esses conceitos aplicados aos modelos de negócio existentes e sua aplicação para alavancar a competitividade da indústria. O assunto é fundamental para os aficcionados em tecnologia, para os empreendedores de plantão e também para quem quer ficar ligado em novas tendências e aproveitar tecnologias já existentes para ser mais eficiente. Neste artigo o objetivo é conectar os conceitos citados acima com a gestão de energia e ao acesso à eficiência energética.
Para introduzir o assunto precisaremos recorrer a um outro setor: água. Imagine o semi-árido brasileiro que ocupa 11% do território nacional, abriga 23 milhões de pessoas e tem uma média anual de chuvas abaixo de 300 mm. Lá a água é um recurso bem raro, certo? A questão é que a escassez é um conceito relativo. A água não é um recurso escasso em outras regiões e certamente não é escassa no planeta, afinal 70% da superfície do planeta é coberta por água. O problema é que 97% dessa água é salgada, e dos 3% restantes apenas 0,5% está prontamente disponível para o consumo.
A grande questão aqui não é a disponibilidade do recurso e sim o acesso ao recurso.
O papel da tecnologia é, muitas vezes, criar ferramentas para facilitar o acesso à recursos que antes eram indisponíveis. Nesse sentido, recursos tecnológicos estão cada vez mais próximos de equacionar de forma economicamente viável o acesso à água potável, como é o caso do Slingshot.
O que isso tem a ver com eficiência energética?
Voltando para o mundo da gestão de energia, novamente o problema não é a disponibilidade de recursos que tornem seu processo mais eficiente. O problema está no acesso à eficiência energética. Atualmente a maioria dos gestores no Brasil não sabe onde, como e nem quando se consome energia. Portanto não estão munidos de informações para ter acesso aos recursos que podem tornar seu processo mais eficiente. Prova disso é que, segundo a Associação Brasileira de Eficiência Energética (ABESCO), a oportunidade não aproveitada de eficiência energética no Brasil somou R$ 14 bi em 2016.
Ao solucionar o desafio do acesso à informação, é possível destravar um gatilho que tem potencial de tornar nossa indústria entre 10% e 30% mais eficiente. Esse é o poder e ocasião de tecnologias chamadas exponenciais, elas são caracterizadas por curvas de adoção e impacto que crescem inicialmente devagar e num segundo momento a uma taxa altíssima. Isso tem duas consequências: as indústrias que adotam as tecnologias antes tem uma vantagem competitiva e as indústrias que adotam essas tecnologias depois, estão correndo por sobrevivência. Qual deles você quer ser?