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Desafio da nossa revolução industrial

Apesar da inteligência artificial de fato abrir portas para aplicações promissoras, sinto lhe dizer, mas todo o boom gerado em torno da IA é superestimado. Isso aconteceu principalmente pelo fato dos formadores de opinião terem procurado exaustivamente uma tecnologia, uma aplicação, uma solução que poderia representar a quarta revolução industrial assim como a tecnologia da máquina a vapor simboliza a segunda revolução industrial. Na tentativa de representar que a quarta revolução industrial é baseada em dados e não em matéria física, que esses dados representam o combustível dessa revolução e que o processamento deles é sua essência, erramos em eleger um símbolo.

Revolução industrial
TImeline revolução industrial


Pois então, qual o problema que a quarta revolução industrial precisa resolver? Se tivesse que resumir em uma palavra: sustentabilidade. Não falo sobre sustentabilidade “apenas no sentido ambiental”. A sustentabilidade aqui se relaciona com a questão de sustentar, apoiar e conservar um padrão digno de qualidade de vida para toda a sociedade. Uma forma objetiva de avaliar o tema é começar pela declaração dos direitos humanos da Organização  das Nações Unidas. Note que os direitos humanos são dinâmicos; por exemplo, recentemente a ONU declarou (resolução A/HRC/32/L.20) que a internet é um direito humano básico.

O cerne da questão é exposto quando percebemos que as revoluções precedentes foram cada vez mais globais e menos locais. Nesta, estamos no extremo. O problema dessa revolução é garantir que teremos acesso a recursos e tecnologia suficiente para tirar 10,7% da população mundial que vive na extrema pobreza. Enquanto isso, continuar a melhorar ou manter os padrões de vida nas nações desenvolvidas.

Essa revolução industrial coincide com o século em que a população mundial atingirá seu pico e deve começar a declinar (em taxa de crescimento). Nossa vida é cada vez mais longa e no futuro isso significa uma sociedade mais velha e com menos pessoas para trabalhar. Somos responsáveis, portanto, por garantir a eficiência hoje e também pela transição para uma sociedade com menor intensidade de trabalho ao mesmo tempo que mantém a qualidade de vida. Baita desafio.

Entre outras diretrizes, a regra da quarta revolução industrial não é nova: produzir mais com menos. As fazendas devem produzir mais alimentos com menos intensidade em trabalho e terra; as indústrias devem produzir mais e se incluírem definitivamente no esquema de economia circular de forma a garantir sua alimentação de matéria prima; a sociedade deve ser reeducada para uma vida mais voltada ao compartilhamento de serviços, principalmente em grandes metrópoles.

Para chegar lá, a indústria precisa se reinventar. Precisamos repensar modelos de negócio, alguns gigantes cairão e outros irão emergir. Independente do modelo de negócio ou tecnologia disruptiva que se desenvolva, a regra dessa nova ordem da indústria permanece: produzir mais com menos. Por isso, adquirir conhecimento na coleta e análise de dados para conseguir ser mais eficiente e flexível é fundamental. Isso é inteligência operacional (IO). A IO pode ser conquistada sob a forma de diversas tecnologias, Inteligência Artificial (IA) entre elas.

Nesse sentido o caso da gestão energética é icônico. O caráter finito da energia disponível a curto prazo aliado à massificação de seu uso gera uma pressão cada vez maior em direção à eficiência no uso desse insumo. Através de tecnologias possibilitadas pela alta capacidade de processamento e coleta de dados a CUBi promete transformar a relação que a indústria tem com esse insumo: tornando um boleto em um KPI de inteligência operacional.

Ricardo Dias

Engenheiro ambiental e urbano pela UFABC e mestre em Sistemas Sustentáveis com ênfase em Energia pelo Rochester Institute of Technology. É co-fundador da CUBi e atualmente CEO.

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