Se considerarmos a escala temporal da história do ser humano, o domínio da energia elétrica é uma recém chegada do último século. E nesse último século aprendemos a gerar, controlar, transportar e utilizar energia elétrica. Ainda estamos aprimorando e democratizando “novas” formas de produção de energia elétrica, como a fotovoltaica e a nuclear. Apesar de tudo isso, cem anos depois, é comum ver gente reclamando do custo associado à energia elétrica. No Brasil, especialmente, a carga tributária atinge esse insumo com certa violência e acaba nos posicionando com uma das energias mais caras do mundo. Mas será mesmo que ela é tão cara do ponto de vista de utilidade? Vamos falar sobre o valor e de uma energia elétrica mais barata.
A reflexão proposta não é no sentido de provar que energia elétrica é de fato financeiramente acessível. Mas sim refletir sobre a utilidade e conveniência que o domínio da energia nos proporcionou. A partir daqui falaremos de algumas grandezas que podem parecer muito técnicas, mas não é nenhum bicho de sete cabeças. energia elétrica mais barata.
A unidade internacional para medir energia é definida como Joule. Um Joule é aproximadamente igual à energia potencial de um objeto de 100 g colocado a 1 metro de altura no nível do mar. Vamos dizer que nosso objeto é uma maçã. A maçã em uma posição a 1 metro de altura tem 1 Joule de energia potencial, não confunda isso com a energia que é necessária para colocar a maçã a 1 metro de altura. Se você for colocar a maçã a 1 metro de altura provavelmente gastará muito mais energia do que 1 Joule devido às perdas de energia, que são normais de todo sistema. Mas vamos desconsiderar as perdas por enquanto. Digamos que nós somos um sistema perfeito e vamos gastar 1 Joule de energia para deixar a maçã com um Joule de potencial de energia.
Outra informação importante é que 1 Joule é equivalente a mais ou menos 28 micro watt hora. Vamos agora tangibilizar a sua conta de energia. Se você, como eu, consome 60 kWh/mês na sua casa, seria equivalente à energia necessária para levantar a maçã a 216.000 km (se fosse possível) ou levantar e derrubar a maçã 216.000.000 vezes por um metro. Você pagaria sua conta de energia de 60 kWh para alguém fazer esse trabalho? Eu pagaria!
Como disse no início, esse é apenas um exercício para nos posicionar sobre a quantidade de energia que somos capazes de gerir e a responsabilidade que isso nos confere. É relativamente comum e fácil nos descolarmos da realidade e tratarmos energia elétrica como uma commodity banal. Da próxima vez que receber sua conta de luz, pense na quantidade de maçãs que poderiam ser levantadas e na economia de energia que poderia ser feita por uma gestão mais detalhada para se obter uma conta de energia elétrica mais barata.