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Standby de Máquinas e os custos invisíveis de uma empresa

A gestão de energia muitas vezes vai além do que podemos enxergar e pode evidenciar custos invisíveis de uma empresa. Com o aumento do número de dispositivos conectados o consumo destes (e seus momentos de standby) pode se tornar relevante e, por isso, passa a ser alvo de medidas de eficiência energética.

A conveniência de ligar a TV pelo controle remoto, chegar em casa e o celular imediatamente saltar do 4G para seu wifi local e não ter que configurar o relógio do microondas todos os dias é tentadora. Essa conveniência entrega um valor significativo e tem um custo de ineficiência que aparentemente estamos dispostos a pagar, embora muitas vezes esse custo não fica tão visível aos nossos olhos.

É fundamental reconhecer que, além da energia utilizada para executar a função primária de um aparelho como aquecer uma casa ou lavar roupa, existe outra parcela que está sendo consumida enquanto não usamos o aparelho. Quando falamos de dispositivos conectados à internet a conta se multiplica. O consumo de energia por dispositivos conectados inclui a energia utilizada pela infraestrutura de rede (incluindo roteadores, disjuntores e data centers) e a energia usada para manter a conexão do dispositivo com a internet, comumente chamada de stand by network. O modo de espera em rede (stand by network) pode ser um dos maiores drenos energéticos do dispositivo. A potência média para um subconjunto de dispositivos conectados à internet é mostrada no gráfico abaixo (fonte: International Energy Agency). O uso de energia relacionado ao stand by network pode crescer em até 20% até 2025, somando 46 TWh.

standby

Atualmente, existem padrões de desempenho energético obrigatórios e rótulos de energia destinados a limitar a energia consumida no stand by network na União Européia, Índia, Coréia, México e Estados Unidos. As iniciativas de política voluntária incluem acordos de fabricantes que limitam o uso de energia em espera de produtos específicos e esquemas de rotulagem de energia voluntária que incluem limites de energia de standby (por exemplo, EnergyStar nos Estados Unidos e e-Standby na Coréia).

No Brasil o Centro Brasileiro de Informações de Eficiência Energética (PROCEL) coordena o selo Procel que tem por objetivo categorizar produtos de acordo com seu nível de eficiência energético. Entretanto, não há limitações ao standby em específico.

Em dois anos de CUBi ainda nos surpreendemos quando começamos a medir o consumo de indústrias e prédios comerciais. Muitos sistemas chegam a consumir 30% do total apenas em modo stand-by. Ao passo que em uma residência o proprietário pode realmente estar disposto a pagar pela ineficiência, na indústria e comércio os montantes somam valores de ordens de grandeza maior. Quando falamos de indústria o tradeoff deixa de ser conveniência vs. custo da energia e passa a representar uma equação mais complexa em que produtividade e segurança não podem ser impactados negativamente e o custo evitado de energia é uma oportunidade relevante de ganho de margem/competitividade.

Fontes:

http://www.procelinfo.com.br/main.asp?View={B70B5A3C-19EF-499D-B7BC-D6FF3BABE5FA

Ricardo Dias

Engenheiro ambiental e urbano pela UFABC e mestre em Sistemas Sustentáveis com ênfase em Energia pelo Rochester Institute of Technology. É co-fundador da CUBi e atualmente CEO.

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