No último artigo reconhecemos que a auditoria energética é o melhor caminho para quem ainda precisa fazer um diagnóstico de como anda a saúde energética de sua empresa/indústria/setor. Assim como um diagnóstico médico, o diagnóstico energético não tem uma receita a ser seguida. Entretanto isso não significa que não é um processo analítico e racional, na verdade, podemos sim sistematizar alguns passos importantes do diagnóstico para se chegar em conclusões mais assertivas.
Bom, você já montou uma equipe, engajou a alta liderança, preparou os dados que falamos no artigo anterior… e agora? Agora é a hora de definir o escopo da auditoria. As perguntas a serem respondidas são:
- Quais processos iremos avaliar?
- Quai nível de detalhe?
- Qual fronteira geográfica?
- Qual tipo de energia iremos avaliar? (focaremos em energia elétrica aqui)
Além do escopo, temos também que definir um orçamento e um cronograma para que as atividades sejam entregues. Os passos a seguir podem variar de acordo com a natureza das operações de cada empresa. Entretanto, geralmente se aplicam.
- Calcule o consumo por dia (kWh/dia)
Com o histórico da distribuidora em mãos calcule quantos dias cada período de cobrança considerou para fazer uma média diária de consumo por período contábil da distribuidora. Isso diluirá as diferenças entre meses com diferentes durações.
- Calcule o fator de potência
Caso precise de ajuda com essa parte, você pode visitar este outro post focado em Fator de Potência.
- Calcule seu consumo específico (kWh/x)
Para entender a importância desse ponto dentro de uma auditoria energética precisamos pensar energia elétrica como um custo variável. Custos variáveis são proporcionais à geração de valor (riqueza) pela empresa. Portanto, podemos esperar que um indicador importante será o consumo de energia por unidade produzida. Isso se chama consumo específico. Temos também um post focado no assunto caso queria saber mais (consumo específico).
- Análises gráficas
É importante ter uma série histórica do consumo médio anual, mensal e diário para entender os padrões e identificar se há sazonalidade na série de dados. O mesmo pode ser feito com o consumo específico.
A partir daqui provavelmente você precisará de um especialista!
- Modelo de energia
Nesse passo um modelo de onde a energia é consumida é desenvolvido a partir do inventário preparado nos passos precedentes à auditoria (assim como retratado neste post anterior) e também com informações climáticas e geográficas. Esse modelo vai ajudar a entender se o volume de controle em avaliação está performando conforme os dados teóricos ou se há desvios.
- Medições reais
Nesse passo, algumas hipóteses sobre os sistemas “vilões” que estão consumindo acima do normal já foram formuladas. Agora é hora de fazer campanhas de medição para coletar dados reais de consumo de sistemas específicos.
- Perfil de demanda
Com as medições em mãos temos também a possibilidade de traçar perfis de demanda e curvas de carga. Essas curvas nos revelam padrões de sazonalidade, indicam responsáveis por desvios no fator de potência e também pela ultrapassagem da demanda contratada.


- Diagrama de produção X consumo
Esse diagrama será importante para diagnosticar possíveis problemas com a produtividade em diferentes períodos de tempo. Se houver um histórico de todos eventos de uma produção a correlação entre os eventos e desvios nesse gráfico serão muito valiosos. Em geral o gráfico é interpretado por métodos estatísticos de coeficiente de correlação.

- Benchmarking
Agora que já passou por todo o processo de auditoria energética, precisamos comparar a performance com padrões. Existem quatro tipos de benchmark: performance própria passada, média da indústria, melhor da indústria e tecnologia de estado da arte. O Brasil ainda carece de fontes de informação confiáveis para determinar esses benchmarks, entretanto Estados Unidos e Europa já tem uma base de dados relativamente avançada e aberta.