Em um conteúdo anterior (este daqui), falamos sobre a importância do agronegócio na economia brasileira, que chega a representar pouco mais de 27% do PIB do país. Comentamos também um pouco das dificuldades que os gestores podem enfrentar na hora de realizar (ou tentar realizar) a gestão de energia de seus ativos. No conteúdo abaixo, vamos explorar alguns pontos mais específicos, em especial detalhar algumas caracteristicas do consumo de energia no agronegócio, resultando em diversas oportunidades de gestão energética nesse segmento. Falaremos especificamente da SAZONALIDADE e do HORÁRIO RESERVADO.
Dois benefícios disponíveis no agronegócio e como as ferramentas de gestão de energia podem ajudar na hora de explorar essas oportunidades. Bora lá:

O benefício da Sazonalidade
Dentre os diversos potenciais benefícios, existe um que gera uma drástica economia na fatura de energia no agronegócio, e que deve ser muito bem controlado: a sazonalidade.
O benefício da sazonalidade vem da ideia de que o setor rural é sazonal, ou seja, vai operar intensivamente em determinadas “estações” (período de safra) e em seguida consumir pouca energia (ou até mesmo nada) depois da colheita até o novo plantio (entressafra).
A gestão da sazonalidade é mais fácil para aqueles que já tem sua unidade consumidora cadastrada como rural, mas também pode ser reconhecida para os cadastros industriais, desde que também atendam aos dois requisitos abaixo.
Primeiro você deve comprovar que seu uso de energia elétrica é realmente para os fins do agronegócio, e o segundo é fazer uma relação que comprove que realmente sua unidade tem sazonalidade: somar os quatro menores consumos elétricos ativos da unidade e dividir pela soma dos quatros maiores consumos. Se essa relação for 20% ou menos, você poderá solicitar à distribuidora o reconhecimento da sua sazonalidade.
Lembrando que a distribuidora não fará isso automaticamente e cada uma possui suas características de solicitação respeitando a resolução. Pelo Art. 295 da REN 1000/2021.
Para muitos, pode ser complicado fazer o cálculo citado acima tendo várias unidades para administrar. Com a grande quantidade de dados fica difícil verificar e garantir o benefício e se manter dentro dele, é assim que as empresas começam a criar controles manuais em planilhas, contratam engenheiros locais ou (quando estão prontas para isso) optam por plataformas capazes de realizar a verificação de entrada no benefício e do acompanhamento da sua continuidade, a CUBi possui uma dessas plataformas especializadas.

Com o benefício da sazonalidade, o agronegócio poderá se aproveitar de basicamente duas (grandes) vantagens que estão interligadas: demanda medida e cronograma mensal de demanda contratada.
Cronograma mensal: as unidades que são identificadas como rurais ou tem sazonalidade reconhecida, podem desenvolver um cronograma mensal de demanda. Ou seja, você pode definir um valor de demanda contratada distinto para cada mês, considerando a sua produção. Isso evita os pagamentos por demanda não consumida (lembrando que a multa por ultrapassagem de demanda continua válida para estes casos).
Pelo Art. 152 da REN 1000/2021.
Demanda medida: as unidades que são identificadas como rurais ou tem sazonalidade reconhecida pagam por demanda de duas formas possíveis (aquele que resultar no maior valor):
- A demanda medida, como já citada, sem pagar a demanda contratada cheia, evitando-se assim a parcela não consumida;
- Ou 10% da maior demanda medida nos últimos 11 ciclos.
Pelo Art. 294 da REN 1000/2021.
Porém esse benefício não vem sem riscos, você deve ter uma boa gestão energética para atingir continuamente os requisitos e não pagar multa, resultando na perda dos benefícios de sazonalidade.
A empresa deverá atingir a demanda contratada em pelo menos 3 ciclos de faturamento a cada 12 meses (contados a partir da vigência do contrato com a concessionária para rural ou a partir do reconhecimento da sazonalidade). Caso não alcance esse valor, será multada pelo pagamento de demanda complementar. Além disso, a cada 12 ciclos a distribuidora verifica novamente se o seu negócio ainda atende o requisito citado anteriormente, para ser considerado sazonal.
Pelo Art. 300 da REN 1000/2021.
A gestão das faturas é a melhor forma de verificar o enquadramento na sazonalidade. Através de algoritmos de inteligência energética é possível realizar este cálculo de forma automática, utilizando os dados da fatura. Assim é possível avaliar se o seu negócio pode adquirir o benefício, bem como verificar os valores que a sua empresa deve atingir para se manter dentro dos requisitos e realizar essa oportunidade de economia. Quer ver um exemplo prático? Bora ver uma demo do nosso produto!
Horário reservado
Imagine se a tarifa sobre o consumo de energia pudesse ser até 90% mais barata que o normal por oito horas seguidas! É isso mesmo que pode acontecer caso você tenha um uma unidade rural destinada às atividades de irrigação e aquicultura.
Os grandes pivôs de irrigação que consomem grandes quantidades de energia elétrica podem não pesar tanto na fatura de energia, se forem utilizados no horário reservado, onde cada distribuidora pode estabelecer o horário de início, desde que seja compreendido de 21:30h às 6h do dia seguinte. Lembrando que a unidade irrigante deve ser apenas para a irrigação, ou seja, as cargas da unidade consumidora irrigante devem ser todas voltadas para o processo de irrigação. Para saber mais sobre o desconto de irrigante noturno / horário reservado você pode clicar aqui onde aprofundamos sobre este benefício.
Uma coisa para ficar de olho é no caso da distribuidora não ter cadastrado corretamente a sua empresa como irrigante, assim não liberando o quadrante de horário reservado para o seu medidor, o que pode ser visualizado através do monitoramento por telemetria e também da gestão de faturas.
Uma forma inteligente de usar esse tipo de informação (consumo em horário reservado) é acompanhar continuamente a razão do consumo de energia neste horário (tarifa muito mais barata por conta do benefício) em relação ao consumo total. É bastante fácil de entender a lógica do indicador:
- Eu preciso de X kWh por mês para irrigar uma propriedade;
- Quanto maior a parcela desse X ocorrer no horário reservado, menos dinheiro eu gasto!
Isso é especialmente útil para gestores que lidam com dezenas ou centenas de localidades, sendo o indicador simples o suficiente para comunicar os diferentes públicos que podem ajudar na melhora do indicador. Quanto mais unidades, mais fácil de enxergar um valor médio entre elas e dedicar tempo em cobrar melhorias apenas das que estão abaixo do valor médio esperado.
Outra forma simples de uso é aproveitar o indicador para calcular o quanto de potencial financeiro (R$) a empresa como um todo pode economizar. Vamos criar um exemplo para explicar o esquema:
- Calcular a média histórica de Consumo (kWh) em horário reservado pelo consumo Total (kWh) de CADA unidade da empresa. Como estamos dividindo uma parcela de energia por energia total, teremos uma fração (%).
- Encontrar a propriedade que tem o MELHOR indicador entre todas (o mais alto). Vamos assumir que nesse caso, o benchmark seja de 60%. Isso significa que 60% de toda energia consumida naquela propriedade (o benchmark) foi consumida no horário reservado.
- Agora calcule a diferença de cada unidade e seu indicador para o benchmark encontrado.
- O que você quer responder aqui é: “Se eu conseguir que todas minhas unidades performem igual a minha melhor unidade (o benchmark), quanto dinheiro eu poderia economizar?”
- Parece algo até simples demais, mas não é incomum que essa cifra seja muito maior que o esperado e muitas vezes superior a vários outros retornos possíveis de ações que a empresa já investe e às vezes investe pesado! Ferramentas e indicadores simplificados de gestão podem trazer mais resultados que ações custosas e complexas.
Temos um CASE real que utiliza esse tipo de abordagem, a ITOGRASS, segue: Maior produtor de Grama do Brasil:
Existem diversas outras oportunidades específicas para o Agronegócio, mas as duas citadas são grandes geradoras de economia em nossos clientes no dia a dia. Notem que são coisas que os gestores podem fazer por conta própria, basta ter conhecimento, organização e mão de obra para operacionalizar continuamente a manutenção dessas oportunidades.
Se você não consegue cumprir esses requisitos, a melhor saída é contratar alguém que os conheça e disponibilizar algum tipo de ferramenta que auxilie no dia a dia. Para primeiros passos, o excel é um aliado, mas você notará muito rapidamente que está pagando um profissional super qualificado para passar os dias digitando faturas de energia, brigando com papel e quebrando a cabeça com detalhes que poderiam ser resolvidos com uma ferramenta adequada de Gestão de Energia. Quer conhecer nosso trabalho e outros CASES? Só entrar em contato!
Sou advogado e milito na área de DIREITO DE ENERGIA ELÉTRICA.
Quero parabenizar pela lúcida e rara matéria.
A título de curiosidade informo que eu fui o primeiro advogado a postular a isenção do ICMS sobre a TUSD e TUST no estado de Mato Grosso.
Eu gostaria de trocar experiências e, quem sabe, trabalhar em conjunto com Vossa empresa.
Caso o interesse seja recíproco sugiro que entre em contato pelo e-mail supra anotado , assim poderemos fornecer os números de telefones e endereços para um contato profissional mais pleno.
Atenciosamente.
Luis Mello